Spaguetti, Il Vero




Spaguetti, Il Vero

Spaguetti ao alho, aliche e óleo

Minha nonna ensinou pra minha mamma que Spaghetti, como ela aprendeu com a nonna dela, era pra ser sempre com aliche.  Podia por o que quisesse junto, mas sem aliche "non è veramente un bello spaghetti. Punto e basta.". Até dois meses depois dela morrer, ninguém pensou e retrucar, entendeu?

Se era verdadeiro ou não, ficou sendo. 
Spaghetti senza aliche non è un vero spaghetti, Punto e basta.

Aí, nessa pegada de VERDADE, lembrei de uma passagem num boteco em BH onde conheci a Lua Cheia - eita coisa boa! Desce macia. Num proseio de copo cheio saiu assim:

Prosa de bar, animados pelo licor,  dois afinados amigos discutem, inflamados,
como manda o regimento de todo bar e no calor, os destinos dos planetas da galaxia, com reflexos e condutas a propor.


Depois de vários goles, vem de um deles:

Meu caro amigo, pra dizer a verdade, com toda a sinceridade que me é peculiar,
não há nada melhor e que me traga mais vaidade, do que ver patinhos amarelinhos num lago a patinar.

(o amigo pega o bonde)
- É verdade?
(o louro do bar, papagaio calejado, não responde)


Veja você sob este prisma: não se trata de questão de carisma.
Beleza é sempre muito importante, Vinícius, era sábio e poetante,
as feias que a ele perdoem, mas a isso não se cabe julgar a cada instante!
É intrigante, insultante e revoltante!!

(o amigo saí do aonde)
- É verdade?
(o louro do bar, não corresponde)

Outra hora, no raiar da aurora, bem ali na rua do mar,
Passou por mim, leve e faceiro, um paquiderme, de porte exemplar.

(o amigo se esconde)
- E verdade?
(o louro do bar, nega como um conde, Rua do Mar em BH, ONDE?)

Passado algum tempo nessa tertúlia, ao ver o amigo com um ar de penúria,
o interlocutor a prosa interrompeu, e um longo silêncio no bar se deu.

(o louro do bar, calejado, mira para o onde)

Depois de  vários minutos de silêncio profundo, nos quais só os copos ecoavam lá no fundo,
volta à argumentação o falador, a narrar suas peripécias por este mundo. 

Veja bem:
Não gosto de me expor ao ridículo, Mas ... devo confessar, em cada fascículo,
passado e presente, desta minha vida nada peculiar,
cetim, fandango e rabo-de-saia, não me canso de admirar.


Num silêncio calado,  do canto do bar,  o louro, do poleiro, escrachou:

CETIM, CETIM, CETIM, AI DE MIM. É VERDADE?

Sim, cetim, sim. Cetim do negro e brilhoso, claro que sim.
E tem mais aí "seu" verdejante louro:
vinho, rum e Lua Cheia com cataia,
nunca me neguei a provar.

(Todo o bar, inclusive o louro, em coro uníssono, responde)

- É VERDADE!!!

Peraí gente.
Provar eu provo, mas sempre só um golinho.
Afinal de contas, eu não bebo!

(voando do poleiro, o louro do bar sentenciou)

ISSO É A MAIS PURA VERDADE.

(é verdade?)
... Aposto que você sabe quem é o interlocutor ...


Chega de Prosa

Spaguetti ao alho, aliche e óleo

Ingredientes para uma pessoa
125 gr spaghetti grano duro
2 dentes de alho fatiado na tabua em fatias finas - não pique
1 colher de sopa azeite
2 filés de aliche (filés de anchova) - picadinhos na tabua
sal e azeite extra-virgem

Preparação

ponha no fogo alto a panela de cozinhar macarrão com 1 litro de água
quando a água ferver coloque 1 colher de sobremesa de sal e um fio de azeite
mexa bem
coloque o spaguetti
marque no cronometro o tempo que manda na embalagem
mexa o macarrão pra não grudar
numa frigideira, coloque uma concha de água fervente da panela do macarrão
coloque o azeite
coloque o alho fatiado e baixe o fogo
quando o alho começar a dourar
acrescente o aliche
aumente o fogo e mexa pouco
dois minutos e pronto desligue o fogo
quando o spaguetti ficar no ponto
aumento o fogo  da frigideira e coloque, com um garfo de macarrão, pegue todo o spaguetti e coloque na frigideira
mexa até o spaguetti começar a dourar e acrescente azeite ao seu gosto

Marcio Martini
22/07/2020
#ProsaGostosa
http://prosagostosa.blogspot.com/2020/07/spaguetti-il-vero.html